Robôs têm de ser parecidos com humanos para confiarmos neles?

Robôs têm de ser parecidos com humanos para confiarmos neles?

Investigação avaliou o nível de confiança dos humanos em robôs durante uma tarefa colaborativa, em função de estes terem ou não olhos. Os dados obtidos parecem sugerir que os humanos não necessitam que as máquinas sejam parecidas com humanos para confiar e trabalhar com elas. Aliás, parecem até colaborar melhor com máquinas que se parecem com máquinas, isto é, sem olhos.

Sendo os seres humanos uma espécie colaborativa, os olhos assumem-se como um elemento crítico para a vida social humana, pois comunicam intenções, permitindo que o parceiro de interação interprete e se adapte a essas intenções. Pode então afirmar-se que o olhar guia de forma preditiva as ações humanas, mas até que ponto os olhos podem ter a mesma importância quando se trata da colaboração entre humanos e máquinas?

Os chamados cobots são robôs colaborativos criados para ajudar humanos em tarefas rotineiras ou perigosas em setores industriais ou médicos por exemplo. Alguns cobots são projetados com olhos e uma aparência mais antropomórfica para melhorar a naturalidade da sua interação com os humanos. Por exemplo, a empresa Rethink Robotics incluiu olhos nos seus cobots Baxter e Sawyer com o objetivo de aumentar a sensação de conforto dos utilizadores.

Com o apoio da Fundação BIAL, Artur Pilacinski e equipa recorreram a uma amostra de 38 participantes, entre os 18 e os 42 anos, utilizando medidas subjetivas e objetivas (frequência cardíaca, tamanho da pupila e velocidade de execução) para avaliar o nível de confiança dos humanos em robôs durante uma tarefa colaborativa, em função de estes terem ou não olhos.

De acordo com o artigo "The robot eyes don't have it. The presence of eyes on collaborative robots yields marginally higher user trust but lower performance", publicado em julho na revista científica Heliyon, embora os participantes pareçam relatar uma confiança ligeiramente maior nos robôs com olhos, eles executaram a tarefa mais rapidamente e mostraram pupilas mais dilatadas (um possível indicador de maior interesse no objeto) quando interagiram com robôs sem olhos.

Os dados parecem então sugerir que os humanos não necessitam que as máquinas sejam parecidas com humanos para confiar e trabalhar com elas. Em vez disso, parecem colaborar melhor com máquinas que se parecem com máquinas, isto é, sem olhos.

“Concluímos que o olhar do cobot pode não ser assim tão importante para a colaboração manual”, refere Pilacinski, salientando que “as métricas objetivas, como o tempo de conclusão da tarefa e as respostas pupilares dos participantes, sugerem uma cooperação mais confortável com robôs sem olhos.”

As descobertas da equipa de investigadores da Ruhr University Bochum (Alemanha), Universidade de Coimbra e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Portugal) estão em linha com sugestões recentes de que o antropomorfismo pode ser, na verdade, uma característica prejudicial nos robôs colaborativos.

Saiba mais sobre o projeto “TrustyCobots: Human-like or machine-like? Tracking psychophysiological components of trust in human-robot collaboration” aqui.


Robôs têm de ser parecidos com humanos para confiarmos neles?

Não há resultados de acordo com os critérios