O que nos lembramos dos sonhos varia com a idade?

O que nos lembramos dos sonhos varia com a idade?

Estudo revela que não há diferenças relevantes entre a recordação dos sonhos em jovens adultos e em idosos. Apesar do declínio geral na frequência de recordação de sonhos usualmente relatado em idosos, investigadores demonstraram que ambos os grupos etários apresentam o mesmo padrão de sono durante o sono REM, a fase em que os sonhos mais acontecem.

No artigo “Spotlight on dream recall: the ages of dreams”, publicado na revista  Nature and Science of Sleep, investigadores da Universidade de Sapienza analisaram vários estudos sobre sonhos na infância, idade adulta e velhice, e constaram que a faixa etária dos idosos demonstra um interesse diminuído pelo sonho, o que parece causar uma queda nas taxas de recordação de sonhos. Embora a evidência empírica ainda não esteja disponível, uma hipótese alternativa associa esta redução da recordação dos sonhos a um declínio cognitivo relacionado com a idade e deterioração da memória de longo prazo.

Na revisão da literatura, os investigadores identificaram sobretudo uma lacuna global na investigação sobre a recordação dos sonhos em particular na infância e velhice. Neste contexto, Serena Scarpelli liderou um projeto de investigação, apoiado pela Fundação BIAL, sobre os mecanismos neurais da recordação de sonhos em idosos. O objetivo era investigar se padrões específicos de atividade elétrica cerebral revelados por eletroencefalogramas durante o sono em idosos preveem uma subsequente recordação de sonhos.

Uma amostra de 40 idosos saudáveis ​​e 40 adultos jovens foi avaliada através de polissonografia, um estudo do sono que avalia parâmetros como a atividade elétrica cerebral, muscular e cardíaca, a respiração, a oxigenação do sangue ou a posição corporal. A recordação dos sonhos foi recolhida no despertar matinal nos dois grupos.

Os resultados obtidos surpreenderam a equipa de investigação. “Ao contrário do que esperávamos, a monitorização do sono dos adultos mais velhos e dos jovens demostrou o mesmo padrão durante o sono REM, que possibilita a recordação dos sonhos”, revela Serena Scarpelli. Outro resultado a destacar é que, durante o sono, os mecanismos cerebrais que predizem a recordação dos sonhos são os mesmos que estudos anteriores encontraram em relação ao desempenho da memória durante o estado de vigília.

E será que nos idosos um bom desempenho de memória durante a vigília significa uma recordação dos sonhos bem sucedida e vice-versa? Scarpelli afirma que o estudo não permite fazer ainda esta extrapolação, mas acredita que novos estudos com o objetivo de coletar medidas de sono-sonho e testar o desempenho da memória durante a vigília nos mesmos sujeitos poderão ajudar a esclarecer essa questão.

Além de Serena Scarpelli, a equipa de investigação incluiu Anastasia Mangiaruga, Chiara Bartolacci e Luigi De Gennaro, do Departamento de Psicologia da Universidade Sapienza, Roma, Itália.

Saiba mais sobre o estudo “Neural mechanisms of dream recall: Electrophysiological differences between young and older adults” aqui.


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