O que recordamos depois de vermos um filme varia com a idade?

O que recordamos depois de vermos um filme varia com a idade?

Investigadores avaliaram como jovens adultos e adultos de meia-idade recordam, passado uma semana, informação detalhada de um filme. Os resultados indicaram que a deterioração da memória afeta principalmente a recordação dos diálogos do filme e que os jovens adultos são mais precisos e confiantes do que os participantes de meia-idade.

Sabe-se que a memória humana, ou a capacidade de nos recordarmos de algo, se vai degradando com a passagem do tempo. Vários trabalhos de investigação foram já publicados sobre os padrões de esquecimento relativos a materiais simples, como listas de sílabas sem sentido, dígitos e imagens, porém pouco se sabe sobre o esquecimento, ao longo do tempo, de materiais mais complexos, tais como filmes.

Os filmes têm-se revelado, na verdade, uma ferramenta valiosa para investigar a memória relativa a eventos complexos (isto é, estímulos realistas, interrelacionados, visualmente ricos e dinâmicos) que permitem tanto o controlo experimental como a validade ecológica.

Neste contexto, Matteo Frisoni e equipa efetuaram um estudo que analisou a memória de 59 voluntários, divididos em dois grupos – um de jovens adultos (20-30 anos) e outro de meia-idade (40–55 anos) - após terem assistido a um episódio da série “Sherlock” da BBC. Aos participantes foi solicitado que respondessem sim/não a perguntas que abordavam detalhes de cenas específicas do filme ao longo de três intervalos de retenção (1, 3 dias e 1 semana).

O objetivo da investigação era aferir até que ponto informações verbais detalhadas (ou seja, diálogos), bem como elementos semânticos e espaço-temporais (ou seja, “o quê “onde” e “quando”) de memórias episódicas do filme, eram esquecidos no decorrer de uma semana. Ao mesmo tempo, pretendia-se também testar se era observado um padrão semelhante de declínio da memória em diferentes grupos etários em que foram reportadas diferenças na capacidade de recordar eventos passados em estudos anteriores.

No artigo “Long-term memory for movie details: selective decay for verbal information at one week”, publicado em setembro na revista Memory, os investigadores revelaram que a deterioração da memória ao longo de uma semana afeta principalmente a dimensão verbal auditiva de eventos complexos, tanto em termos de precisão da memória como de confiança, enquanto as informações sobre “o quê” (objetos/personagens), “onde” (espacial) e “quando” (temporais) parecem estar mais bem preservadas.

Os investigadores do Departamento de Neurociências, Imagiologia e Ciências Clínicas (DNISC) da Universidade de Chieti-Pescara (Itália) concluíram ainda que os jovens adultos mostraram-se mais precisos e confiantes do que os participantes de meia-idade.

De acordo com Matteo Frisoni, apoiado pela Fundação BIAL, “a diminuição na recordação de eventos complexos registada no grupo de adultos de meia-idade está em linha com estudos anteriores em que este grupo etário demonstrou um declínio na recordação de detalhes”. O investigador realça, no entanto, que os adultos de meia-idade têm sido ainda pouco estudados no domínio do envelhecimento cognitivo, provavelmente porque a maioria das suas capacidades mais complexas não mostram declínio relevante até à idade mais avançada.

Saiba mais sobre o projeto “Schema-based temporal memory in parietal cortex (SCHETEMP)” aqui.


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