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De que forma as crianças revelam experiências que desafiam o convencional?

Estudo sobre relatos de crianças sobre supostas vidas passadas revela que ouvir as próprias crianças através de métodos adaptados pode ensinar-nos algo novo sobre consciência, memória e a natureza da experiência humana.

Publicado a Dec 22, 2025

Relatos de crianças sobre supostas vidas anteriores têm intrigado investigadores há décadas. Algumas descrevem experiências ligadas ao nascimento, ao período intrauterino, e até acontecimentos que parecem pertencer a outra existência. Embora este fenómeno seja estudado desde os anos 60, a maioria das investigações continua a usar métodos tradicionais, como entrevistas e questionários, concebidos para adultos. Mas como estudar algo tão subjetivo sem reduzir a participação da criança a meras respostas verbais?

Foi essa questão que levou uma equipa liderada por Donna Thomas a analisar um caso retirado de um projeto de investigação mais amplo “70/22 - An investigation into the nature of children's extra sensory experiences across various cultural contexts”, apoiado pela Fundação Bial. O caso envolve uma criança de seis anos que relatou memórias do período intrauterino e de uma vida anterior. Para compreender estas experiências, os investigadores recorreram a métodos criativos e participativos, como brincadeiras, desenho, pintura e etnografia sensorial. Em vez de apenas falar, a criança expressou as suas memórias através do corpo e dos sentidos, desenhando, imitando movimentos fetais, descrevendo sons e sensações táteis, e representando a sua morte numa vida passada através de gestos e jogos.

Os resultados são reveladores: as crianças comunicam estas memórias por meio de discursos corporizados, sensoriais e lúdicos, que dificilmente seriam captados por abordagens tradicionais.

Este estudo não procurou provar ou refutar a reencarnação, mas compreender como estas experiências são vividas e partilhadas, respeitando as especificidades e os direitos das crianças e criando um espaço seguro para a expressão.

Assim, parece que ouvir as próprias crianças através de métodos adaptados pode ensinar-nos algo novo sobre consciência, memória e a natureza da experiência humana. Este estudo foi publicado na revista científica EXPLORE: The Journal of Science and Healing, no artigo New methodological directions for involving children in past life memories research.

ABSTRACT

Past life memories in children have been studied extensively through standard qualitative and quantitative methodologies. Research to date has produced valuable data to support how we understand children’s past life memories. Children are the primary source for data collection in past life research, as the producers/facilitators of memories. Despite this, children tend to be researched on rather than with, through adult-centric approaches. In this article, we include a case study example of spontaneous past life and in-utero memories of a 6-year old child. The case study example is taken from a parent study, ‘Investigating Extra Sensory Experiences of Children from Various Cultural Backgrounds’. Through the article, we demonstrate how using creative research methods and sensory ethnography can generate important knowledge from children about their own past life memories. We include results from the parent study that show past life memory data from children, parents and professionals. We propose involving children as active agents in past life memory research and argue for new directions in the field of PLM through creative and child-friendly research.


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