Que impactos têm o stress agudo e crónico na saúde mental?

Que impactos têm o stress agudo e crónico na saúde mental?

Estudo analisa efeitos negativos do stress no cérebro de ratos machos e fêmeas e conclui que o stress agudo induz comportamentos ansiosos, principalmente nos machos, enquanto o stress crónico está mais associado a sintomas depressivos. Compreender estas diferenças poderá ajudar a desenvolver abordagens mais eficazes na prevenção e tratamento de perturbações mentais como a ansiedade e a depressão.

Está comprovado que o stress pode aumentar a suscetibilidade a várias perturbações neuropsiquiátricas, tais como a depressão e a ansiedade, que são altamente prevalentes em todo o mundo e representam um encargo económico significativo e um problema de saúde na nossa sociedade. A Organização Mundial de Saúde estimou que, em 2019, cerca de 970 milhões de pessoas em todo o mundo, ou seja, uma em cada oito pessoas, sofreu de uma perturbação mental.

As evidências também apontam para diferenças entre os sexos na prevalência e nas respostas ao stress. De facto, enquanto as mulheres representam dois terços dos doentes com perturbações relacionadas com o stress, outro indicador revela que mais de dois terços dos suicidas são homens.

Embora o stress faça parte da vida e, em pequenas doses, possa até ser benéfico, a sua exposição excessiva, quer seja aguda ou crónica, pode ter efeitos negativos profundos, sobretudo no cérebro, e resultar em doenças cerebrovasculares. Um dos alvos mais sensíveis ao excesso de stress é a barreira hematoencefálica, estrutura que protege o cérebro de substâncias potencialmente nocivas.

No entanto, apesar das evidências sugerirem que diferentes tipos de stress podem comprometer a sua integridade e desencadear respostas neuroinflamatórias associadas a diversas patologias neurológicas, os mecanismos celulares e moleculares subjacentes a esses efeitos permanecem pouco compreendidos.

No artigo “Distinct behavioural and neurovascular signatures induced by acute and chronic stress in rats”, publicado em setembro na revista científica Behavioural Brain Research, uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra, liderada por Ana Paula Silva, revela como procurou esclarecer esta questão, analisando os efeitos do stress agudo e do stress crónico em roedores.

Com o apoio da Fundação BIAL, os investigadores utilizaram testes de campo aberto e de natação forçada para avaliar a atividade locomotora e os comportamentos do tipo ansioso e depressivo em ratos Wistar machos e fêmeas.

Os resultados mostraram que o stress agudo induz comportamentos ansiosos, principalmente nos machos, enquanto o stress crónico está mais associado a sintomas depressivos. Além disso, foram observadas alterações em proteínas-chave da barreira hematoencefálica, com diferenças significativas entre sexos.

A investigação confirmou que o stress agudo e o chamado stress ligeiro crónico imprevisível desencadeiam perfis comportamentais e bioquímicos distintos, sublinhando a importância de diferenciar os tipos de stress e de integrar variáveis biológicas, como o sexo, na investigação em neurociência.

"O nosso estudo mostra como é importante perceber as diferenças entre os tipos de stress para entender melhor as causas de perturbações mentais como a ansiedade e a depressão, e encontrar formas mais eficazes de prevenir e tratar estes problemas", explica Ana Paula Silva.

Saiba mais sobre o projeto “73/20 - Cerebrovascular hypothesis of stress-induced behavioral alterations” aqui.


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