Investigadores da psi são mais parecidos com os leigos crentes ou com os céticos?
Estudo revela que os investigadores que estudam as capacidades psíquicas diferem dos indivíduos leigos crentes nessas capacidades, mas não dos céticos no que diz respeito ao pensamento ativamente aberto.
Poderá o comportamento não-verbal do prestador de cuidados de saúde modular os relatos de dor e os efeitos placebo?
Os efeitos de comportamentos não-verbais de prestadores de cuidados de saúde nos relatos de dor e efeitos placebo podem ser diferentes entre homens e mulheres.
Em que medida os limites do nosso corpo parecem desaparecer durante a meditação de atenção focada?
Investigação revela que uma sessão de meditação de atenção focada de 15 minutos permitiu esbater a fronteira entre o eu e o ambiente.
O cérebro representa o corpo humano através da visão, da linguagem ou de ambos?
Investigações recentes apontam para a possibilidade de dois processos coexistirem na forma como o cérebro representa o corpo humano: um baseado em informações visuo-espaciais e outro em informações linguísticas. Esse modelo sugere que, além de dependermos da perceção visual para entender as relações entre as partes do corpo, também usamos informações extraídas da linguagem. Um estudo desenvolvido por Luca Rinaldi e colaboradores explorou esta ideia ao investigar diretamente se essas duas formas de representação - percetual e linguística - realmente coexistem. Para isso, os investigadores utilizaram modelos semânticos de distribuição (DSMs), ferramentas computacionais que analisam textos para identificar como palavras (e, neste caso, partes do corpo) estão relacionadas na linguagem. Por exemplo, palavras como "mão" aparecem frequentemente associadas a "braço" ou "dedo" nos textos. Essas relações linguísticas foram usadas para construir um mapa corporal, baseado nas distâncias semânticas entre diferentes partes do corpo. Para testar este mapa linguístico, os investigadores realizaram duas experiências comportamentais. Em ambas, os participantes precisavam avaliar a proximidade entre partes do corpo, apresentadas como palavras ou como imagens. Os resultados mostraram que tanto as informações percetuais (baseadas na visão) quanto as linguísticas (extraídas da linguagem) influenciavam o desempenho dos participantes. Em outras palavras, as representações linguísticas complementavam as visuais, sugerindo que o cérebro utiliza ambas as fontes de informação ao processar e organizar mentalmente o corpo humano. Estes resultados apoiam teorias que argumentam que as representações mentais combinam informações percetuais e linguísticas. Assim sendo, a nossa compreensão do corpo humano não depende apenas do que vemos, mas também de como a linguagem estrutura essa compreensão. Este estudo foi publicado na revista científica Journal of Cognition, no artigo A Body Map Beyond Perceptual Experience, no âmbito do projeto de investigação 13/22 - RE-thinking the role of the spatial memory system in cognitive MAPs (acronym: REMAP), apoiado pela Fundação BIAL.
Como o insight transforma a nossa mente?
Várias tradições contemplativas oferecem mapas detalhados para orientar o progresso meditativo rumo ao esclarecimento e à libertação do sofrimento psicológico, destacando o seu potencial para promover a saúde mental e o bem-estar. No Budismo Theravada, um desses mapas é conhecido como Estádios de Insight (em inglês, Stages of Insight - SoI), um quadro abrangente que descreve o progresso meditativo desde a compreensão inicial da mente e da matéria até ao alcance do Nirvana. Este percurso, experimentado através de práticas meditativas avançadas, permite uma série de transformações psicológicas profundas, tais como mudanças na perceção, experiências do eu, cognição e processamento emocional. Um estudo inovador liderado por Matthew Sacchet utilizou imagens de ressonância magnética funcional de alta resolução (7T MRI) para explorar a atividade cerebral durante os SoI. Os investigadores identificaram padrões de atividade cerebral específicos associados aos SoI, diferentes de estados não-meditativos. SoI desativou regiões relacionadas ao processamento do eu (como o córtex pré-frontal medial) e ativou regiões associadas à perceção e consciência (como os córtices parietal e visual). Além disso, os SoI foram associados a mudanças em estados emocionais, como maior paz e equanimidade, caracterizadas pela transcendência do eu e estabilidade mental. Concluindo, estes resultados sugerem uma maior consciência e sensibilidade percetual durante os SoI, com implicações positivas para o bem-estar psicológico e abrem novos horizontes para a compreensão da meditação avançada. Este estudo foi publicado na revista científica NeuroImage, no artigo Deconstructing the self and reshaping perceptions: An intensive whole-brain 7T MRI case study of the stages of insight during advanced investigative insight meditation, no âmbito do projeto de investigação 99/20 - Beyond "mindfulness" and toward a modern science of meditative mastery and spiritual transformation, apoiado pela Fundação BIAL.
Como a recompensa pós-refeição pode moldar as nossas escolhas?
Os processos de pós-ingestão, que se referem às respostas fisiológicas e comportamentais ocorridas após a ingestão de alimentos, são cruciais para regular o comportamento alimentar, influenciando tanto a sensação de saciedade quanto as preferências alimentares. A equipa de investigação liderada por Albino Oliveira Maia investigou o impacto desses processos em três grupos distintos: indivíduos saudáveis, pessoas com obesidade e pacientes pós-cirurgia bariátrica. Especificamente, o estudo explorou se esses efeitos ocorrem por mecanismos implícitos (não conscientes) e como a disponibilidade de recetores de dopamina D2 no cérebro está relacionada a esses processos. Utilizando o método chamado de condicionamento sabor-nutriente (FNC), onde o sabor de um iogurte enriquecido com maltodextrina é associado a um aumento de calorias, observou-se que a preferência por sabores foi influenciada mais pelo comportamento implícito do que pela avaliação explícita da agradável perceção do sabor. Ou seja, observou-se que o FNC afetou as escolhas alimentares sem que os participantes tivessem consciência de que estavam a preferir os alimentos pela sua associação com o valor nutricional. Esta mudança foi observada tanto em indivíduos saudáveis quanto em pacientes com obesidade e em pacientes após cirurgia bariátrica. Além disso, as pessoas com obesidade apresentaram menor resposta dos recetores de dopamina D2, o que é importante no sistema de recompensa do cérebro. Após a cirurgia bariátrica, houve um aumento nesta resposta, particularmente em pacientes com bypass gástrico, o que pode estar ligado a uma melhor regulação alimentar. Isto sugere que mudanças no sistema de recompensa podem desempenhar um papel na eficácia da cirurgia em reduzir o peso e modificar comportamentos alimentares. Este estudo foi publicado na revista científica PLOS BIOLOGY, no artigo Postingestive reward acts through behavioral reinforcement and is conserved in obesity and after bariatric surgery, no âmbito do projeto de investigação 176/10 - Dopaminergic regulation of dietary learning in humans and rodents, apoiado pela Fundação BIAL.
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