Neurocientista Rui Costa resume discussão no 12º Simpósio da Fundação BIAL “Aquém e Além do Cérebro”

Neurocientista Rui Costa resume discussão no 12º Simpósio da Fundação BIAL “Aquém e Além do Cérebro”

“O Robocop já existe, mas precisamos de garantir que fica do lado dos bons”

O 12º Simpósio da Fundação BIAL “Aquém e Além do Cérebro” reuniu durante 4 dias na Casa do Médico, no Porto, 300 participantes para debater o tema “Potenciar a Mente”.

20 Investigadores de topo, nacionais e internacionais, abordaram várias formas de aumentar as capacidades do cérebro, seja ao nível cognitivo, de memória ou de desempenho social, entre outros.

Rui Costa, neurocientista que integra a comissão organizadora do Simpósio, salienta que “potenciar a mente é um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta, é um objectivo ancestral. As plantas, como ouvimos aqui, são há milénios utilizadas para potenciar a mente, mas, hoje, a ficção científica é já a realidade e é possível colocar as máquinas ao serviço deste desígnio. Hoje, por exemplo, doentes vítimas de AVC conseguem dar ordens a um computador. Se com as plantas era possível alterar estados de consciência e aumentar capacidades, com as máquinas a possibilidade de potenciar a mente aumenta de forma exponencial e as implicações éticas e morais também. O Robocop já nasceu, ainda não é um ciborg a 100%, mas já dá os primeiros passos”.

O reverso da moeda” sublinha Rui Costa “é que a tecnologia nos dá possibilidades quase infinitas, vamos precisar cada vez mais das máquinas e o acesso à tecnologia tem fortes condicionantes, porque ela custa dinheiro e logo não está acessível a todos. Depois há a questão do controlo, quer da tecnologia, quer da informação que ela permite recolher, como estamos hoje a assistir com o Facebook e outras empresas de tecnologias de informação. E por fim, e não menos importante, o uso que vamos fazer desta tecnologia, se em termos de redes sociais, a crise do Facebook já é um exemplo chocante de implicações políticas, é fácil imaginar o que será quando falamos em termos de saúde e em especial de potenciar o cérebro. A dicotomia bem e mal tem uma linha muitíssimo fina, muito difícil de definir em casos extremos. É urgente fazer este debate ético porque há coisas que já não estão no futuro, já estão a ser aplicadas”.

Este Simpósio, organizado pela Fundação BIAL, é o primeiro debate mundial a juntar investigadores de áreas tão diversas, mas transversais e complementares no objetivo de potenciar a mente.

Como é habitual, foram ainda abertas, durante o 12º Simpósio da Fundação BIAL, as candidaturas ao programa de Apoios Financeiros a Projetos de Investigação Científica na área das neurociências.

Este novo concurso de apoios vai financiar projetos com duração máxima de três anos com montantes compreendidos entre os 5.000 e os 50.000 euros, determinado em função das características de cada projeto. As candidaturas serão avaliadas pelo Conselho Científico da Fundação BIAL e estão abertas até 31 de agosto.

Desde a sua criação, as candidaturas ao programa de apoios têm vindo a aumentar sucessivamente. Até ao momento, a Fundação já apoiou um total de 614 projetos de mais de 1.350 investigadores de 25 países. Até março de 2018, o trabalho financiado pela Fundação BIAL resultou na publicação de 910 artigos em revistas indexadas.

Os Simpósios “Aquém e Além do Cérebro” realizam-se desde 1996 e reúnem, de dois em dois anos, os investigadores apoiados pela Fundação BIAL e grandes nomes das neurociências a nível mundial. 


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